Tempo do Medo

A cultura da hora,

Orquestra o lamento,

Incita o corpo ao sexo do momento,

Versa a pele a matéria,

E dispõe em todas as esquinas,

O drops fatal como as drogas.

Há liberdade de dizer,

Para não ser ouvido;

Há na velha ordem uma idéia pregada,

Que os donos da era jamais saiam do pedestal.

Por isso, a herança do futuro,

Inda está atrás dos muros.

A vida imita a arte,

A família assiste e vive a moda.

Os meninos fazem a prosa,

Fazem de conta, que vão a escola.

Se vestem de bandidos,

E ridicularizam os seus cabelos para se exaltar.

Meninas saíram da cozinha e do altar,

Para se acharem num quarto vulgar.

A lei da rua,

Entre a intolerância,

E o caos,

Injustiças sociais...

Cultuam morrer sem se importar com a vida.