Versos Insones
Sou o poeta que adormece
Nos braços da lua
E acorda no bico do bem-te-vi
Antes de adormecer apago
Minha lamparina
Mas deixo minha lanterna
Verde ao lado
E os vaga-lumes acessos
Para não me perder
Na escuridão
Pois às vezes as estrelas
Deixam-me na mão
Nas noites frias se vestem
De nuvens escuras
E vão dormir ocultas
Na imensidão
E eu minúsculo verme
Repleto de razão e uma severa
Glaucoma
Acabo me ferindo com objetos
Geométricos
Pesadelos noturnos
E sentimentos que me faz tropeçarem
Apesar das lentes polidas
Dos colírios
E das drágeas brancas
A noite gosta de confundir meu olhar
Remoer minhas paixões
E acender loucas alucinações