MUNDO COMPADECIDO

Faz um tempo. Penso que foi na Bienal do livro aqui em Fortaleza. Suassuna estava discursando, então cheguei e fui visualizando aquela apresentação cheia de graça. E fiz esta na bucha.

(A Ariano Suassuna)

Canto responsório ao pagão do mundo de meu Deus.

Eu te pergunto por ética,

apesar de vivermos atônitos

num mundo sem conforto,

para não dizer quase torto.

E você de forma imperativa,

diz que existe só em plano,

não imagina de quem a tem

num gesto nobre

que renuncia ao mais do que o bastante,

e dá a quem

tão pouco tem.

E diz mais, vai muito além:

de forma intimista

absolve a pessoa egoísta

que toma de quem

o bastante não tem

para se beneficiar,

e chacoalha em duvidar

se existe alguém

neste mundo de ninguém

que dá um pouco do que tem

tendo mais do que o bastante?

E ironiza de forma radical:

ah... Só alguém especial,

que não cabe nesse mundo carnal.

O mundo é esse

de quem pode

cara de bode.

Eu te respondo:

que você só vive no oficial

esquece do que é real

o que trás consigo

uma bela história,

que nem a de João Grilo,

e vê se te achas

cara de tacho,

e abre caminho

que a gente vem vindo

com a força dos quatro cantos

de qualquer lugar,

até mesmo de onde o vento faz a curva,

que é para esses da tua laia

ficarem que nem bucha,

esperando uso de quem sabe viver,

pra ver você,

tudo não passa da graça,

de quem ama e sempre se acha.

Omar Botelho
Enviado por Omar Botelho em 26/07/2014
Reeditado em 29/07/2014
Código do texto: T4897990
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