MUNDO COMPADECIDO
Faz um tempo. Penso que foi na Bienal do livro aqui em Fortaleza. Suassuna estava discursando, então cheguei e fui visualizando aquela apresentação cheia de graça. E fiz esta na bucha.
(A Ariano Suassuna)
Canto responsório ao pagão do mundo de meu Deus.
Eu te pergunto por ética,
apesar de vivermos atônitos
num mundo sem conforto,
para não dizer quase torto.
E você de forma imperativa,
diz que existe só em plano,
não imagina de quem a tem
num gesto nobre
que renuncia ao mais do que o bastante,
e dá a quem
tão pouco tem.
E diz mais, vai muito além:
de forma intimista
absolve a pessoa egoísta
que toma de quem
o bastante não tem
para se beneficiar,
e chacoalha em duvidar
se existe alguém
neste mundo de ninguém
que dá um pouco do que tem
tendo mais do que o bastante?
E ironiza de forma radical:
ah... Só alguém especial,
que não cabe nesse mundo carnal.
O mundo é esse
de quem pode
cara de bode.
Eu te respondo:
que você só vive no oficial
esquece do que é real
o que trás consigo
uma bela história,
que nem a de João Grilo,
e vê se te achas
cara de tacho,
e abre caminho
que a gente vem vindo
com a força dos quatro cantos
de qualquer lugar,
até mesmo de onde o vento faz a curva,
que é para esses da tua laia
ficarem que nem bucha,
esperando uso de quem sabe viver,
pra ver você,
tudo não passa da graça,
de quem ama e sempre se acha.