PARA ALÉM DO ESTIO
nauta do meu desvario,
do mundo cão em que me guio,
sou dona do meu vazio,
do meu rocio,
do meu coração baldio,
de fio
a pavio
sem brio,
por tédio e por fastio,
temperamento vadio,
senhora do meu plantio,
afeita ao meu feitio.
propensa a qualquer desafio
abro-me ao leito do vento,
deito-me à beira do rio,
respiro meu pensamento.
chega do estio o passamento,
traz alaúde e assobio.
silencio.
ave última sob o firmamento,
encolho-me toda ao frio.
renuncio.
imagem: flickr