Tempo das Águas

É preciso beber o tempo e
sorver cada gota momento,
pois eis que se navega
todas as idades
e inexistem as barragens.

É preciso beber o tempo,
pois os portos são provisórios
e as curvas que o rio faz
não lhe alteram o destino.

É preciso beber o tempo,
pois os desertos estão à espreita
e a seca nas almas
afugenta os colibris.

É preciso beber o tempo
e embriagar-se da vida.
Aplacar toda sede
e regar todos os campos.

É preciso beber o tempo
e sentir a saciedade
do caminho andado.

E por fim, beber do tempo
a última taça
e viver a derradeira graça.

 

Produção e divulgação de Pri Guilhen, lettre, l´art et la culture, assessora de Imprensa e de Relações com o Público. Rio de Janeiro, inverno de 2014.