METAMORFOSE

METAMORFOSE

Lagarta, vou tecendo

risos, restos e rostos,

ritos de um passado nulo.

Enrodilho fios dispostos

e fecho-me no casulo,

anoiteço.

Fecho-me pupa,

num mundo que desconheço.

Crisálida , ninfa latente,

numa quase falupa,

abstinente, adormeço.

Inerte, aparentemente morta,

protegida das dores,

escondida de amores,

defendida por anteporta.

Egoisticamente perdida,

abstraída em teia de filó,

aguardando a saída,

absolutamente só,

amanheço.

Desato as amarras,

desperto com a alvorada,

para um novo começo.

Livro-me das garras,

floresço cores, repito flores.

Livre no céu,

imago, visito barras

voando ao léu.

Sou, finalmente,

borboleta colorida,

matizada de alfazema,

exaltação à vida,

metamorfose-poema !

(Escrito por Lina Meirelles às 16h29 do dia 16/05/07