Impasse
Preciso ser interditada
Amarrada ao tronco
Surrada
Jogada aos tubarões
Ou quem sabe
Ter os olhos vazados
Os tímpanos perfurados
A voz embargada
As mãos como acontece aos que roubam
(em um país longínquo)
Decepadas
Preciso que a poesia me seja negada
Que por um mísero verso eu implore
Deserdada
Tudo isto quero
E mais ainda
A mim mesma negar
Desconhecer
Até mesmo de meu nome me esquecer
Para que, quando alguém me perguntar
Quem é você
Em meu rosto exista uma questão insolúvel
Um ar de loucura
Uma demência