Máscaras...

Bota a máscara... Tira a cara...

Bota a cara... Tira a máscara...

Há quem consiga viver assim: sempre trocando.

Pisando para sempre subir...

Derrubando pra levantar-se por sobre o outro

Caindo pra apontar quem lhe derrubou...

E isso é normal... Um hábito esgarçado,

Objeto de quem se escraviza por pouco...

De tanta troca, confunde-se... Engana-se

E ao invés de pegar, solta...

Cala quando a fala é necessária...

Estampa, no olhar, o desespero... A mentira.

Bota a cara no lugar da máscara...

Tropeça na história criada...

Perde-se na rotina do muito fazer...

Entrega-se... Descreve-se...

Desaponta descaradamente...

A cara é tão feia quanto a imagem escondida...

Guarda a máscara... Põe a cara...

Guarda a cara...Põe a máscara...

E, na troca rotinada, assusta...

Insurge-se contra o espelho...

Mostra um pouco mais daquilo que sempre esconde

Finge que muito fala...

Ouve em demasia... Quase numa ânsia...

Perde o passo... O compasso...

E pisa, de novo... Com mais força...

Terminando a dança...

A cara criada não se distingue...Não se modifica...

É tão igual a que se usa para sair à rua...

E ao fim do dia, guarda a nova cara...

A máscara que mais usou...

E o semblante, perdido em tantas trocas, esvaece...

Não se enxerga... Não se reconhece...

É somente esboço do rascunho perdido...

Um reflexo de todo o medo sentido...

Desperta pena, se o olhar for mais atencioso...

Há quem vive assim: Perdendo-se em si mesmo...

Trocando as caras pra muito agradar,

Mas, pouco sabe, que esconder-se é muito se mostrar,

Porque somos mais daquilo que o outro enxerga....

E menos daquilo que mostramos...