FELIPIANDO EM CORES

Quanto maior o potencial de sentir as coisas

E aquilo logo ali

Maior o derrame das ilusões

Falo do encantamento do mundo

Que fica apenas na imagem desbotada

Dos tons de outono

Estar no mundo é tão frouxo

É ser um figurante de história alguma

Do todo coisificado

Creio que o mais sensível seja a percepção das cores

Que em seus tons e sons explicitam a iminência do fim

Um término cinza, branco – gelado e cheio de nada.

A cada cigarro, a cada trago interiorizo

Sutilmente o que não há no sensível

É como estar à beira de compreender a loucura

Talvez, só os loucos são sóbrios

Para quem sonda o observador

Não é difícil confundir complexidade perplexa

Com um estado deprimido

As palavras falham em comunicar

É só o sentir na ausência dos sentidos

É só a expressão no borrão

Na mancha de tinta reveladora

De tudo que não está dito

Mas, de alguma forma, habita dentro de mim.

A busca da verdade

Desemboca em denso lamaçal de nada

Pela busca

Termina-se por aprisionar-se na própria busca

A ânsia pelo instantâneo

Pela derradeira resposta causa náuseas

Ocorre um repúdio do outro

Que só explicita a minha coisa

E então, só as cores gritam

Só as cores tonificam

Perceber as cores é quente, doloroso, sutil – é íntimo

Compreender as cores das coisas

É ouvir as vozes pintando, em vermelho sangue, o silêncio.

SiqueiraSilva
Enviado por SiqueiraSilva em 25/07/2014
Código do texto: T4896655
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