Néctar dos deuses
- Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas -
é de Poesia que estão falando.
Manoel de Barros
Néctar dos deuses
É através da minha Poesia que me alimento
Tardo, mas sempre me encontro
Carrego esse fardo feito feno
Penugem que habita o travesseiro
Onde navegam os sonhos.
Um rio dorme em mim...
Sou afluentes e vou descobrindo tudo...
A fome conversa com a barriga do menino que chora
Enquanto a Lua míngua
E as estrelas perdem o brilho
A minha língua de rio fica de fora
Feito enforcado.
Mesmo assim, quando correnteza
Transo com a dor com tanta delicadeza
Feito o cravo acasalando com a rosa.
Posso sentir o cheiro e o choro da flor
Uma folha leve, caindo ao solo
Derrubada pelo vento
Agora, lá fora, como se fora aqui dentro.
Sinto pássaros em uma árvore
Feito anjos em movimento
Na brisa leve no breve-espaço-tempo.
Sou eu quem me abraço
Quando imagino personagens:
São todos nus
Feito nascentes de rios em miragens.
Sorrio ao me deleitar com o imaginário
E ouço violinos em silêncio.
O som pousa brando em meu peito...
Como se a Lua me carregasse em seu leito.
É através da Poesia que me alimento
Fragmentos dos pensamentos
Com a fartura e o néctar dos deuses.
Tony Bahi@.