POEMINHA SOBRE O TEMPO

Não há tempo para a espera

O tempo é dono de si, não espera

Vai e vem, quando quer,

e não pede licença!

É desaforento, é inté sem educação:

chega e domina!

Rei, rainha, presidente, inté Papa

não pode com ele.

Para o tempo não tem constituição,

nem ordem de prisão.

Mandado de soltura, tem não.

O tempo é chato e medonho.

Não aceita ordem, nem rédea;

que dirá ferrolho!

Teve gente que quis dominar o tempo.

Claro, que se deram mal;

foram chamados de loucos

e passaram um bom tempo trancado.

Não precisava ser tratado daquele jeito,

não era animal!

Mas chegou um dia e foram soltos;

chegou o tempo da soltura

e nunca mais quiseram controlar o tempo.

Passou o tempo da loucura.

Poetas falam do tempo.

Músicos cantam o tempo.

Palhaços brincam o tempo todo.

De muito tempo que faz,

senti saudade do nosso tempo sem tempo.

Ah, que tempo bom era o tempo de criança.