O Estrangeiro
Que mais sou além de uma sombra diante desses edifícios?
Mais uma vagão de sobriedade e esquecimento,
O ar frio que pulsa em cada esquina gritando “não és daqui’
Os besouros, moribundos, lutando contra as luzes.
Essas luzes amarelas e impessoais,
Mais uma praça abrigando sexo e sono,
E um tanto de loucura camuflada em solidão,
É disso que gosto, das esquinas.
Espaço para os táxis, rádio ligado sintonizando insônia.
Embriaguez velada entre gêneros,
A beleza passa longe de mim e das minhas mãos,
Tão secas quanto essas frases feitas de prostitutas.
Os buracos na calçada me aproximam um pouco mais de dois dias atrás,
Onde eu não existia, eu era.
E por ser, só, um homem,
Ando como se fosse um Deus,
Onde todas essas ruas, sujas e barulhentas,
Tornam-me um estrangeiro em terras que me pertencem.
Onde nada sou mais que um bárbaro.
Um homem.