O Estrangeiro

Que mais sou além de uma sombra diante desses edifícios?

Mais uma vagão de sobriedade e esquecimento,

O ar frio que pulsa em cada esquina gritando “não és daqui’

Os besouros, moribundos, lutando contra as luzes.

Essas luzes amarelas e impessoais,

Mais uma praça abrigando sexo e sono,

E um tanto de loucura camuflada em solidão,

É disso que gosto, das esquinas.

Espaço para os táxis, rádio ligado sintonizando insônia.

Embriaguez velada entre gêneros,

A beleza passa longe de mim e das minhas mãos,

Tão secas quanto essas frases feitas de prostitutas.

Os buracos na calçada me aproximam um pouco mais de dois dias atrás,

Onde eu não existia, eu era.

E por ser, só, um homem,

Ando como se fosse um Deus,

Onde todas essas ruas, sujas e barulhentas,

Tornam-me um estrangeiro em terras que me pertencem.

Onde nada sou mais que um bárbaro.

Um homem.

Jana Canuto
Enviado por Jana Canuto em 24/07/2014
Código do texto: T4894913
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