AMOR DE INVERNO
 
E quando o fogo propaga na lareira
reacendem-se os pactos...
Palavras crepitadas entre vinhos e beijos;
entre a maciez da lã e dos toques
inflamados de desejos...
Estranho... Quebra-se o gelo do silêncio...
Das distâncias... Das contradições... 
Tudo se desmancha de mil maneiras
sobre o tapete felpudo;
em risos e gemidos... Ilusões...
Os trajes rasgados, sobretudo...
Lanhos de renda... Pérolas espalhadas
nos cantos... no chão frio...
E nas veias o sangue fervente, sem brio
chia feito a seiva da madeira...
Fogo e madeira... Tudo tão efêmero!
Até mesmo as palavras... Promessas...
E quando a chama se apaga inteira,
a lenha torna-se cinza
assim como as doces juras...
E do amor... apenas flocos de neve
teimam em equilibrar-se nas alturas...
nos cumes brancos...
ou nos vales e barrancos...
Desmanchando-se na rotina...
 
 
 
 
 
( Imagem: google)