POEMIX
GERENCIA(MENTE)
não sou nem nunca fui um gênio
nunca serei qualquer coisa do tipo
sou uma simples questão de gerenciamento
memória não tem mais
aos poucos foi deslocada para o setor de viajosidades
olfato? desnecessário.
desloquei seus recursos para a viajosidade
desloquei a velocidade das minhas pernas
a força dos meus braços
a resistência dos meus músculos
o equilíbrio de acidez do meu estômago
e vez ou outra
desvio um pouco de ar dos pulmôes
pra ela respirar melhor
um dia serei
nada mais que uma bola de viajosidade
rolando pelas ruas
o que não sair do meio
eu desvio
pra dentro de mim
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eu fui chorando
ela me acolheu
e me bateu mais forte
pra que eu não chorasse mais
depois chorou por mim
tomamos juntos uma bebida quente
suco amizAdes
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ZEN [VAGA]BU[N]DISMO
meditando
sua mente
vira nada
e se já sou nada
minha mente vira eu mesmo?
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sete palmos abaixo
do sétimo inferno
o de gelo
o pior de todos
estou eu
me tremendo
de impotência
in potência pura
está o mal dos todos
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nada
não podemos fazer nada
além de pouca coisa
escrever uns versos
pra alegrar uns
e relembrar outros
das tristezas do mundo
ai palavras
que estranha (im)potência a vossa
fazem tanto
e tão pouco
ao mesmo tempo
muito...nossa!
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se eu fosse deus
choraria pra caralho
pela desgraça dos homens
e o choro ia ser chuva
pra dar de beber ao povo
quantos suspiros viriam
pra soprar longe esses males?
sou só um desgraçado
escritor maldito
com o dever de registrar-lhes
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POEMIX TRANSPARENTE
1.
existo duas vezes
quando riem de mim
por apanhar da mulher
e quando batem em mim
por tentar enfrentá-la
suspiro, logo desisto
minha existência se cala
2.
existo pouco
vez ou outra
no amor dos loucos
jogado
como aquele lenço
que um dia joguei
para aquele rapaz
apanhei nele meus cacos
e vi neles minha paz
3.
existo raramente
num bom dia
um obrigado perdido
aparecem pelo ar
e me lembram que eu vivo
nos outros instantes
cato o lixo de mim
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PANELADA POÉTICA
acho que escrevo
que nem "cozinho"
me dá um pouco
de cada palavra
que tem aí na geladeira
deixa eu ir jogando aqui
que dá alguma coisa
pra comer pela beira
sem peneira nem feira
mistureba pra viver
até a próxima feira
de sábado e domingo
não tem feira no nome
só na vida
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céu cinzento
nuvens ao cúmulo
fumaça
de um incêndio invisível
e quem é o bombeiro
que apaga tudo
com essa mangueira chuveiro?
porque ela não apaga
o fogo das ambições?
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O ÚLTIMO POEMA DE ALGUÉM
este eu que é alguém
espera apenas que vocês
(seja lá quem)
sejam muito felizes
espero que vocês sejam felizes
não importa quando nem
quais serão as diretrizes
felicidade não tem mestre
somos todos aprendizes
Dija Darkdija
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BÔNUS:
DESESQUECIMENTO
Se fosse outro dia, teria passado direto. Ou quem sabe nem teria escutado, dependendo do dia. Mas não naquele dia. Passou, parou, olhou. Correu. Viu o homem agonizando, sem saber se buscava o ar ou o mar profundo do além-qualquercoisa. Não sabia o que tinha dado nela, e muito menos o que dava naquele homem, que parecia estar ao mesmo tempo, morrendo, e revivendo. Era um homem por partes. O corpo morria e os olhos renasciam a cada instante. Olhos de fênix. Olhos pegando fogo. O corpo cada vez mais frio nas mãos da mulher. O desespero dela: ele vai morrer a qualquer momento. A esperança dele: finalmente morrer. Ao menos, aos olhos dela, era o que os olhos dele pareciam gritar a plenos pulmões. Os pulmões de verdade, por sinal, já não funcionavam bem. Já os olhos, levantavam voo e diziam de cima das nuvens. Diziam tudo. E mais um pouco. E diziam muitas outras coisas, resumidas em uma frase: "Não esqueça de mim". Em uma palavra: desesqueça. E ela nunca mais esqueceu.
Dija Darkdija