Ariano, eu te amo (Tânia Meneses) *** Noturno (Ariano Suassuna)

Ariano, eu te amo (Tânia Meneses)

Amado poeta

Querido Suassuna

Não pude dizê-lo pessoalmente

Mas, sendo você um entre os meus amores

Mereceria um poema

Uns versos de alecrim

Assim como os seus

E uns versos noturnos

De Morte

***

Noturno (Ariano Suassuna)

Têm para mim Chamados de outro mundo

as Noites perigosas e queimadas,

quando a Lua aparece mais vermelha

São turvos sonhos, Mágoas proibidas,

são Ouropéis antigos e fantasmas

que, nesse Mundo vivo e mais ardente

consumam tudo o que desejo Aqui.

Será que mais Alguém vê e escuta?

Sinto o roçar das asas Amarelas

e escuto essas Canções encantatórias

que tento, em vão, de mim desapossar.

Diluídos na velha Luz da lua,

a Quem dirigem seus terríveis cantos?

Pressinto um murmuroso esvoejar:

passaram-me por cima da cabeça

e, como um Halo escuso, te envolveram.

Eis-te no fogo, como um Fruto ardente,

a ventania me agitando em torno

esse cheiro que sai de teus cabelos.

Que vale a natureza sem teus Olhos,

ó Aquela por quem meu Sangue pulsa?

Da terra sai um cheiro bom de vida

e nossos pés a Ela estão ligados.

Deixa que teu cabelo, solto ao vento,

abrase fundamente as minhas mão...

Mas, não: a luz Escura inda te envolve,

o vento encrespa as Águas dos dois rios

e continua a ronda, o Som do fogo.

Ó meu amor, por que te ligo à Morte?