CANÇÃO
mãos que se erguem macias, suaves, cheirosas...
mira certeira e segura
no caminho perfeito dos corpos que deslizam...
erguem-se na sua pontaria... murmura o chicote que sibila
no ar, no contorno, no suor que desliza...
movimentação suave, que se contorce na ânsia da descida...
sente-se o movimento insinuante,
ambulante dos atalhos mais do que estradas...
aproximação... vendaval de coração disparando...
chegada... partida...
é a dança do prazer na sua dor suprema,
na luz difusa dos sussurros...
uma canção... uma emoção...
ao pé do ouvido daquele que deseja...
música... voz... cantiga... ordem...
prazer que vem... chega... arrebenta...
nas mãos que sabem o caminho a percorrer!
a dança da girândola está prestes a começar...
o chicote faz amor na pele que arrepia!
e a boca que se aproxima na respiração que ofega...
uma canção... quente... poderosa...
chega aos poucos para acompanhar a dança...
grito... uivo... pedidos...
ritmos celestes que giram no difuso claro do coração...
vem! Por favor! gemidos baixinhos que imploram
com devoção gritante de prazer...
e a musica começa... suave
vem! vem! implora-se rastejante... quero mais! quero o céu na sua voz!
que dói, que machuca, que rasga, que goza
um gozo feito de estrelas e sóis,
além do possível do real... mas tão autêntico,
que a loucura se faz sã no corpo que se enrosca e sente o sentido
sentimento de se dar!
vem! vem mais nesse infinito prazer da comunhão,
onde espaços, distâncias não existem...
apenas sentidos e sabores e suores ...
uma mão que se ergue na ventania da dor,
que se transforma no prazer de estar vivo no hoje, no agora e no instante-já,
nessa canção infinita da voz e do coração!