Fresta

Sou daqueles que de soslaio

Vê a vida se deitar

Com o amor ignorante

Que faz o silêncio falar.

Sou daqueles moradores

Antigos de um peito só

Que não largam do torrão

A não ser que vire pó.

Nessa casa que é meu peito

Trancada por fora e por dentro

Vive a minha companheira

Que às vezes escapa no vento.

Da bucólica fantasia

Que transborda meu inteiro

Sou metade do desejo

Que juntou teu outro meio.

Sou mais lúdico que real

O acaso não me basta

Sou dos eus, um marginal

Ruminando a parte ingrata.

Se me perco em outro meio

No sonhar dessa amargura

Me transporto noutro tempo

E no crepúsculo busco a cura.

Marçal Filho e Marcos Gacê
Enviado por Marçal Filho em 23/07/2014
Reeditado em 19/07/2015
Código do texto: T4893276
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