DUPLICIDADE

o santo e profano numa mesma sintonia...

com culpas vindo e cedendo,

com desejos presos,

como se cada gesto fosse pesado em duas balanças diferentes...

Um se rende ao outro,

como dominador e dominado...

não há algoz nem vítima,

nem vencedor nem perdedor... apenas uma enorme compensação,

enorme e prazeirosa...

Ambos buscam o mesmo caminho,

apesar de individualmente,

solitariamente...

É como se Deus e o Diabo se dessem as mãos

e se acoplassem em prol da metamorfose,

onde a hóstia representa o vôo

do medo e do desejo...

E eles se comungam,

comungam a relação cúmplice

na vertigem do mergulho!

Eros e Tanatos

:

se fodendo e se odiando e se amando

e se acariciando e se esbofeteando...

Fazer amor com a alma e não com a pele...

A alma transformada em carne,

carne viva,

pulsante, latejante...

Carne que se transforma em verdade

refletida no espelho do que somos

e escondida na carcaça do que mostramos...

Metade santo, metade profano!

Vadia do caminho que se apresenta,

andarilha do sonho da realidade,

cadela do desejo que se manifesta...

Tudo em uma alma buscadora

mergulhando no desconhecido que emerge

no sol que se manifesta...

E a onda arrebenta

na fuça que se mostra...

Espumas surgem como suor

lavando o medo do que vem...

Vertigem! Santidade! Profanidade!

Carrossel dos opostos

que gira no infinito

da mendiga de Ti!

carline
Enviado por carline em 22/07/2014
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