Tudo termina em dois silêncios se olhando
somos séries de fenômenos
que às vezes reverberam turbulências,
e em outras, são quedas sutis de sereno.
é certo que um puxa o outro,
quando o tempo modorra abrir uma porta,
enquanto é ágil em fechar outra.
se nossas manhãs são feitas de remansos,
nossas tardes trazem ventos pisoteando o céu,
como se fossem cavalos selvagens
correndo pra liberdade.
o firmamento se estremece
nessas horas, com a fúria do tropel
rachando nuvens ao meio; paredes ruem no ar
tomando forma esfarelada de espelho.
quando tudo se aquieta na superfície das paisagens,
o sossego fecha a cortina e o torpor abotoa os lábios.
apenas dois pares de lagos, cheios e pacificados,
entregam-se reflexos silenciosos
de voos coreografados.