Colibri

Não era para ser assim,

na tarde carmim.

Não era pra ser matinal,

Tão pouco sair do quintal.

Seria a caça e a fome,

O instinto sem nome.

Não haveria dor.

Apenas um corpo que o caçador consome.

Eis que o destino quis diferençar.

Dar cor ao sangue;

Dar luz ao escuro;

Oferecer palavras as lágrimas.

Fazer o coração sentir.

Eis que o beija flor vinha ao jardim,

Quando foi agredido,

Caçado sem piedade.

Mas perturbou a lei da natureza.

Transcrevendo a situação,

Para o coração.

Qual assimilou a dor com piedade.

Onde não havia maldade,

Onde via-se necessidade,

Formou-se a essência do amor.

Tudo se calou.

E a luz que irradiava o dia,

Ficou no amargo da alma.

Quando a morte se desenhou,

Na impossibilidade de se fazer algo,

O inaceitável não queria acreditar nas horas.

Querendo, querendo...

Imaginar que tudo seria apenas uma página.