Poema Matinal

Me persegues

e eu não sei se és

a dúvida, que segue

no ritmo incessante

dos passos da humanidade

e não vou cantar na ravina,

o frio na manhã tem gosto

de sangue fresco, derramado

pelos santos e mártires de outrora

pelas mãos dos carrascos da ignorância

ou nas fogueiras insanas da inquisição.

Me persegues

e eu não sei se és

o caminho, que segue

por entre as montanhas

onde a letra repousa a solidão

e a saudade às vezes é algo mais

que a dor física, fisicamente tísico,

e o corpo que vive agora é a candeia

que alumia a verdade que inda não sei

e desconheço-me diante do espelho raso

que acolhe a insanidade da vil explicação.

Me persegues e o sonho agora animalizou-se

nos sentidos aguçados que afloram pela pele

descascada e enrugada que engole minha alma,

solidificando e materializando o poema matinal.

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 22/07/2014
Código do texto: T4891499
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