João Solidão

João era um cara pacato,

Solitário,

Inteligência limitada (como todos os homens),

Gostava de tomar seu chopp,

Destilar seu sarcasmo seco,

Mais cortante do que chicote em cavalo.

Uns diziam que ele era goiano,

Outros diziam que era mineiro,

Outros ainda se quer atreviam a dizer.

Tinha poucos amigos

Jurávamos que ia morrer sozinho,

Mas o amor é assim caro João,

quando chega,

Não tem como fugir, nem se esconder,

Mais um a colher desilusão,

A moça não quis nada não,

Deu uma filha de presente a João,

Que ele mais tarde deu pr’eu batizar,

A menina ensinou João a amar,

Solitário ele jamais voltará a ser,

Menino homem João

Peça mais um chopp,

Vamos acender um charuto,

Ouvir blues ou qualquer coisa chorosa,

Comemorar as boas novas.

Conversar sobre as coisas antigas,

E cuspir no chão a cada memória besta.