PSEUDO(INTELECTUAL)

PSEUDO(INTELECTUAL)

por Juliana S. Valis

Fui batizada na escola de pseudo-

intelectual;

E talvez fosse por bem,

Talvez não fosse por mal,

O que é inquestionável pra alguém

Será o Grande ideal ?

Sempre pensei: pra que tantos rótulos ?

Tantos adjetivos perdidos no vento ?

São apenas opiniões, versões e palavras

Vagando, sem fim, inexatas, no tempo...

Ah, se pudéssemos deletar esses ritos

De amarras, preconceitos e títulos,

De "verdades", dogmas, verbos

E até padrões que jamais foram ditos...

Ah, se pudéssemos reverter os critérios

Do que seja "o melhor", superficial ou profundo,

Talvez não existissem esses "mestres" tão sérios,

Pretendendo ser donos das "verdades" do mundo !

No fundo, eu sempre quis ver além das fachadas...

Aliás, de fachadas, eu gosto de ver em museus,

Talvez nesses prédios que se erguem aos montes,

De estrelas, eu gosto das que existem nos céus,

"Estrelas humanas" são quimeras distantes,

Expostas em telas, cobertas de véus,

Mas, de fato, mortais, como quaisquer exultantes

Mendigos que vagam entre mil escarcéus...

E sou apenas poeira no mistério infinito,

No labirinto dos dias, além do que seja real,

Sou um sopro entre o sonho, o silêncio e o grito,

E todos pensamos, por bem ou por mal,

Se for pra ser arrogante, eu recuso esse apito,

Pois tanto faz, um dia, como tanto fez, afinal,

Seremos todos "pseudo-algo-no-fundo-aflito" ?

Se for, prefiro mil vezes ser pseudo- intelectual

Do que repetir, por aprovação, o que sempre foi dito.

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