Estranho eu

Espelho, estranho meu

Existe alguém mais estranho do que eu?

Numa construção engenhosamente torta

De base relativamente estreita

Me fiz assim, estranha até mesmo a mim

Me esperando com a sorte a espreita

Como pode haver tanto amor

Sem que se saiba amar

E ainda assim, o ter de volta

E rejeitar?

Como podem reinar os sonhos tão belos e delicados

Numa mente auto-negligente

Deitar-me deliciosamente sobre as possibilidades

E me entregar à inércia da desesperança

Confusão, confusão e confusão!

Sinto e vejo a história perdida de meus caminhos

Escrita nas linhas que meu corpo começa a ganhar da idade

E no caminho de volta, desaprendo a ler. Que fatalidade!

Procuro o fio da meada

Em meados da metade do tempo que me resta (talvez)

Me violenta o desespero

Que no quarto entra por uma fresta

E fica a sensação de

Estranho, espelho meu

.

.

.

...Olha! Uma espinha na testa!

&lis*

16/07/14

Elis Maria
Enviado por Elis Maria em 20/07/2014
Código do texto: T4889332
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