19 DE JULHO
A tarde desce com o calor de dez mil sóis
Estou sozinho novamente... (Ah! Conta outra!)
Faço uma sauna improvisada com lençóis
O mesmo estúpido, o mesmo rosto, a mesma roupa...
O mundo gira como um enorme cata-vento
Nessa ciranda todo mundo tem um par
Aqui vou eu! Mergulho no mar de lamentos
Que eu construí só para poder me afogar.
Nem adianta mais dizer qualquer palavra
A solidão está acampada em meu terraço
Ela me ajuda todo dia em minha lavra
Estou plantando vento e espero estardalhaço.
O sangue corre em minhas artérias entupidas
O homem da foice já passeia ao meu lado
Eu desperdiço agora um bilhão de vidas
E ninguém chora pelo leite derramado...
Telefonemas já não curam o meu tédio
Reler as cartas que ganhei também não serve
Seria mais legal pular de um alto prédio
Do que gritar enquanto a água ferve...
Olha a libido liberando os feromônios
Ninguém me nota mesmo assim (morri de novo)
Quero lançar à terra mil demônios
Para poder criar, do zero, um outro povo.
Ouço a canção que toca à distância
Mas o que passa na cabeça é mais sonoro
Sei que minha vida é coisa assim sem importância
Por isso peço que me leve, eu te imploro...