praça ruy barbosa



desde sempre
aquela praça
sem graça

nadalém me era
que o ponto final
de meus inícios
& afins

a sagrada caminhada
de todo dia
de toda noite

quase quase um fardo.

até que
- e só poderia ter sido
com ela ao meu lado -
avistei
um coração de pedras
na calçada
cravado

e em toda aquela extensão
daquela calçada
era só o coração
e mais nada

é um coração solitário, eu disse,
e fui emendando
tudo tem uma explicação,
e ela completou comigo
por mais imbecil que seja

naquele segundo
aconteceu de tudo
satori, samadhi, nirvana
certeza

então flutuamos
até a outra praça

ela entrou no ônibus
eu fiquei, noite adentro,
às calçadas
cravado
.

apesar
de solitário
e de pedras
aquele coração
não me engana

: achar que tudo
é por acaso
é coisa de quem não

ama





 
21/8/2009
Lucas de Meira
Enviado por Lucas de Meira em 18/07/2014
Código do texto: T4887357
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