Navego
Ainda tenho um coração escancarado
E uma palavra como um anjo caído.
Ainda me ponho a andar pelas manhãs com cheiro de maresia
E a falar dos suculentos cajus dos verões de chuva
Aqueles que não se enxergam e somente se veem
Quando abocanhados com desejo e fúria de uma imagem quase perdida.
Enquanto não me desdobras navego outros mares
Em naus que não são tão minhas.
Um dia não mais me terei nem me terás tu em pensamento
Nem a doce palavra ‘ainda’.
Morreremos todos em silêncio
Sem atrapalhar a nova manhã que inicia
Entre os cacos e queijo e jornais de todos os dias.