Cotidiano do Amor
Bem tarde
num certo domingo
ainda dormindo
ela veio me acordar
Desejei-a nua
e prometi-lhe a lua
me disse
pare de sonhar
Dou-lhe uma rosa
ela ignora
e pede uma joia
Sussurro ainda com sono
eu te amo
e diz
nessa prosa
não acreditar
Abro a cortina
para a luz entrar
está com enxaqueca
pede para fechar,
procura os óculos escuro
para a vista descansar,
percebo que à noite
sexo nem pensar
Bebo um café
procuro o isqueiro
pra acender um cigarro
ela ao contrário
esconde o cinzeiro
e toma chá
Sugiro uma feijoada almoçar
se faz de enjoada
e prefere qualquer coisa lanchar
Joga sobre a mesa
um monte de contas a pagar,
lhe peço pra rezar um terço
e torcer pro meu aumento chegar
Vou ler o jornal
tento ficar
com a atenção às noticias
mas é impossível
deixar de notar,
ela bem que tenta disfarçar
e pra mãe vai correndo ligar,
começa a fofocar
O que isso vai dar ?
Perdi a paciência
e a esperança
de tentar consertar
Preparo a vara
tiro a aliança
e vou pescar