Arte poética

Arte poética (dedicado a Charles Morice)

-Paul-Marie Verlaine-

(...)

Ainda e sempre, música!

Que teu verso seja um bom acontecimento

esparso no vento crispado da manhã

que vai florindo a hortelã e o timo…

E tudo o mais é só literatura.

***

Meu verso (Tânia Meneses)

Meu verso é música

Que nos poros do vento penetra

Letra

Carta aberta

A literatura é apenas a mulher

Que passa

Meu verso se esconde

Se intimida

Meu verso não tem ouvido absoluto

Meu verso me convida

Vamos tecer beijos

Na língua poesia

Que de(lira)

Paul-Marie Verlaine nasceu em Metz, França, em 30 de março de 1844 (1844-1896). Poeta simbolista que, em companhia de Mallarmé e Baudelaire, compõe o grupo dos chamados poetas decadentes. Estudou no Liceu Bonaparte — hoje Condorcet — de Paris. Em seus primeiros livros, Poèmes saturniens (1866; Poemas saturninos) e Fêtes galantes (1869; Festas galantes), ouvem-se ecos do romantismo e do parnasianismo.

Em 1872, após dois anos do seu casamento, Verlaine abandonou mulher e filho e iniciou, com o jovem poeta francês Arthur Rimbaud, uma ligação sentimental que os levou a percorrer vários países europeus. O relacionamento chegou ao fim, na cidade de Bruxelas, em 10 de julho de 1873, quando Verlaine feriu o amigo com um tiro de revólver e foi condenado a dois anos de prisão. Libertado, Verlaine tentou em vão reconciliar-se com Rimbaud. Viveu no Reino Unido até 1877, quando regressou à França. Datam desses anos dois livros de poesia, Romances sans paroles (1874; Romances sem palavras) e Sagesse (1880; Sabedoria), este a expressão de sua volta aos ideais de um cristianismo simples e humilde. Apesar da fama e de ser considerado um mestre pelos jovens simbolistas, o fracasso dos esforços que fez para recuperar a esposa e levar uma vida retirada conduziram Verlaine a uma recaída no mundo boêmio e do alcoolismo. O poeta adoeceu e passou por diversas hospitalizações.

Os vários livros de poemas que se seguiram apenas ocasionalmente recuperaram a antiga magia, como Amour (1888). Da produção posterior de Verlaine, o que mais se destaca são os textos em prosa, como o ensaio Les Poètes maudits (1884; Os poetas malditos), vital para o reconhecimento público de Rimbaud, Mallarmé e outros autores, e as atormentadas obras autobiográficas Mes hôpitaux (1892; Meus hospitais) e Mes prisons (1893; Minhas prisões). Paul Verlaine morreu em Paris em 8 de janeiro de 1896.

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Fonte: ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.