ODISSEU NO LEITO

Sereia a espera

No mar

Canta um sopro

De vento úmido

tudo que quer

Do homem parado

Amarrado

Olhos cegos

Pra não ver

O doce sorriso

Envenenado

Porque o engano

Traz consigo

Sempre o que

É belo

Nada singelo

Abraça o forte

Se não quer

Apenas sua força

Esteira de barco

Vai deixando

parecendo

Que ela nada

A espera do arpão

Que possa então

Satisfazê-la

Por inteira

Ocasião que atraca

Num porto

Abandonado

O mesmo vento

A mesma ideia

Nada de sereia

Viu-se iludido

Imerso em sonhos

Sua mulher descansava

Semi nua na proa

Era tudo

Apenas isso...