Já não se crê

Já não se crê no homem, na humanidade,
Não são racionais, são verdadeiras feras,
Após toda uma vida de tanta esperança,
Enquanto se os vê digladiarem em guerras,
Pelo simples fato de almejarem possuir terras,
Aniquilam tantos animais, raças, crianças,
Velhos, indefesos, fauna, flora, por meras
Ganâncias, sem qualquer gesto de solidariedade.

Já não se crê em amigos, não mais os temos,
De tanto vê-los indiferentes à dor do próximo,
Tornamo-nos em vida eremitas e párias,
Recolhidos nos recantos, como os ascetas,
Indiferentes a tudo e a todos, sem metas,
Estrangeiros em nossas próprias pátrias,
Constritos, enclausuramo-nos nos cimos
Das solidões em que todos hoje vivemos.

Já não se crê em amores, eles são traiçoeiros,
Mentem quando juram que te amam e amaram
A si próprios, nesta mera troca de anseios,
Em que se lançam e após te deixam desvalido,
Partem para outros destinos mais válidos,
O que importa são seus fins, não os meios,
Olvidam-se das tantas juras que trocaram,
Não mais existe ou existiu amor verdadeiro.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 16/07/2014
Código do texto: T4884886
Classificação de conteúdo: seguro