um quê de nós nas coisas
Um quê
De nós
No canto triste
Das ruas
Na decepção do
Cachorro á beira
Da lata de lixo
Nas miragens
Construídas nas salas
De aulas
Das diversas quedas
Que os corpos apontam
E guardam
Um quê de nós
Na falta de perdão
Na raiva insistente
Na falta que consome
Na fome que
Não sacia,
No medo de estar presente
Diante dos olhos
Dos outros...
No medo de perder
Ao que era bom
E amável
O quê de nós
Na dor das mães
Na dor dos pais
Na juventude combalida
Na insolência dos
Homens de poder
Nas bravatas
Das coisas que se repetem
Um quê de nós
Nas mentiras que nos rodeia
No desejo de ser feliz
Na vingança que nas vísceras
Impõe a morte
Nos sonhos destruídos
Na construção inevitável
De outro menos solene
E na dificuldade de ser
De estar, de amar
O quê nós nas coisas do mundo