FILHOS DA SECA... (109)
Terra retorcida, poeira que se levanta na estrada,
Em desalento segue o homem, em sua solitária caminhada,
Na casa pobre, a família espera, pela água abençoada,
Que sabem, por causa da seca, nem sempre é encontrada...
Quando vejo o gado, pelas estradas morrendo,
De sede e inanição, sob o causticante sol, definhando,
Peço um milagre ao “Pai”, Já que dos homens nada espero,
Divida nossa água do sul, com estes irmãos em desespero...
Quem pensa que este povo paga, por dever algum pecado,
Tem de saber que quem está á prova, é de nós o desinteressado,
Por não lutar pelo irmão, sem água, lá do outro lado,
Que para o filho, não consegue nem prover, o pão sagrado...
Enquanto os rios seca m, os animais sofrem,
Vagando, com sede e fome, morrem,
A chuva não vem, as plantas se consomem,
O sol arde na cabeça e no coração do pobre homem...
E quando, alquebrado, cansado, se recosta na rede,
Rogando a Deus para salvar seu filho, inocente,
Que na pobre cama dorme, apesar da fome,
Não chora, poupa a lágrima, mesmo que correr tente,
Pois com ela terá... De amanhã... Saciar deste filho a sede...
Lani (Zilani Celia)