Parangolando Belém

Nascida as margens do rio Guajará,

Essa que saiu da mata nativa,

Navega entre as ondas barrentas,

Faz lembrar...

Saudade dos donos da terra;

Saudade do Igarapé das armas;

Das Lendas do lugar.

Isso é o que se tem na veia,

Isso é Belém,

Isso é pai d’ égua.

Se adjacente ao túnel que clareia,

A Praça da República é festa na mangueira,

São moleques sacis,

São aves seresteiras.

Poesia de quem ensina,

Verso de quem anima...

Como a vanguarda de Waldemar Henrique,

Como a voz de Fafá menina,

Como a fala de Walter Bandeira,

Nilson Chaves a Lucinha.

Em Belém,

Isso é o que se tem,

Isso é pai d’ égua.

Não adianta querer esquecer,

O bondinho da saudade,

Que toca sem idade na era do rádio,

Que a Paris n’ América,

Faz o ver o peso ainda ser a luz da Belepoque,

Entre os paralelepípedos e o ar fresco da catedral da sé;

Casa das onze janelas,

Marudá, Icoaraci,

Boto Sinhá...

Está lá no centro da cidade o relógio sem idade.

Isso é pavulagem.

É mururé,

Tajá com tacacá,

Açaí com tapioca.

Isso é Belém,

Isso é pai d’ égua...

Isso é pavulagem.

Quem quer que venha de lá,

Jamais esquece essa saudade,

Isso é Belém, isso é pai d’ égua... Isso é pavulagem.