quantas vezes o silêncio
existe porque é pleno
de palavras, tantas palavras
acarretando ideias
tantas vozes lembradas
tantos sons de riso e de lamento,
tantos choros e tantos gritos
uma cacofonia
se fossem libertadas
todas estas notas aflitas!
melhor recorrer ao silêncio,
até que a calma disponha a
sonoridade e o seu sentido
até que canções afaguem o ouvido
até que o choro se faça luto
e todas as alegrias
assim como as tristezas
possam finalmente ter sentido
libertar-se na linha breve do poema
esvair-se na desvelada atmosfera
e aí prosseguir sabiamente
as eterna leis da natureza.