A MINHA CIDADE
Percorro as ruas da minha cidade
A noite escura
iluminada por uma ténue lampada
um gato passa,sobe a um telhado
um gritar e gemer
o enlace dum macho e duma fêmea
mais vida vai nascer
numa outra noite...Igual.
Mais à frente,num banco de jardim
um vagabundo ressona
cheiro a tabaco...E a alcool
numa estranha mistura de odores
reparo que tem os dentes podres
sei lá de quê...(coisas da vida)
desamores?.
Talvez.(quem sabe?).
Um Bar aberto
enorme frenesim
uns gozando.
Outros trabalhando
A vida é mesmo assim
reparo que numa esquina do bar
dois namorados fazem um jogo
beijo para aqui
caricia para ali
até um gato preto parou como eu
a apreciar tal jogo.
Um varredor mais além
limpa o lixo
Nem boa noite damos
saudarmo-nos para quê
se a cidade à noite também é suja.
e escura da côr da penumbra
para que saudarmo-nos
se existe a penumbra.
Uma cadela passa
Cinco cães atrás
só um consegue a ousadia
foram-se as nuvens
Já se vê a Lua
e a noite já está mais clara
porque aconteceu a vida
e a Lua é madrinha dos Amantes
A cidade finalmente já sorri.
Regresso a casa
chave na porta da rua
sinto uma leve carícia nas minhas pernas
é o gato preto que mia
e acaricia as minhas calças com sua cauda
retribuo com uma caricia no seu dorso.(no seu pêlo)
Abro a porta
subo as escadas.
vou à janela do meu quarto
Já se ouve algum chilrear de pardais
a penumbra já desaparece
uma leve brisa porque é verão
mais abaixo o murmurar do marejar do mar
as gaivotas já voam em circulos.
o Sol já aparece e a Lua já se foi
o gato e a gata já não gemem
os cães já fecundaram
o bar já fechou
os namorados já não jogam na esquina
o jogo da natureza
o varredor já se foi
as peixeiras já apregoam
o povo já está na rua
E eu, boémio que sou...(vou dormir)
quando outros estão acordados
Como é estranha e bela a vida
Como é Escura a noite.
Como é estranha
E linda a minha cidade.
Fernando Oliveira, (poesias). Verão de 2014