LIBERTANGO

LIBERTANGO

Astor Piazzolla continua sendo meu ídolo,

Passa os anos e vejo a borboleta no tango,

De vermelho ou seria de violeta não importa,

O tom é mero balançar do tecido ao vento.

Astor foi me apresentado pela borboleta,

Seus olhos verdes e seios fartos e brancos...

Ainda lembro-me de sua voz e do som de Astor,

Imagino um dançar de lábios, bocas e salivas.

De suores escorridos e medos vencidos...

Al Pacino dançando um tango divinamente,

Num papel de um cego no “Perfume de mulher”.

Astor, tango e o balançar de asas de borboletas,

Às vezes a lembrança invade como nota dissonante,

Como um tango boêmio numa ruela argentina...

Sinto saudades da borboleta e da gata negra...

Uma clássica e a outra vulgar; ambas belas na cama.

Um violino e outra caixa de fósforos e botequim,

Em comum apenas meu amor por elas... Apenas.

Deu saudades do amor que não vivi...

Do tango que não tive coragem de ousar e dançar

Da negra gata que fugiu para o telhado

E da borboleta e soltei num campo de lilases...

Sozinho eu sento na sarjeta e escuto libertango...

Choro pela borboleta que soltei...

E pela gata negra que me abandonou...

André Zanarella 24-07-2013

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 15/07/2014
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