Catorze linhas

Linha um:

Decepado o sonho,

o sonhador não sonha mais.

Erra por dentre caminhos,

não tem paz.

Linha dois:

Caminhante por natureza,

especial altivez.

De estirpe nobre?

Quem sabe, talvez...

Linha três:

Saiu à mãe,

o filho mais novo.

A mais velha não.

Parece do povo.

Linha quatro:

Clarividentes disseram

com risos entredentes,

que aquela seria a última,

a última geração, aparentemente, eis

Linha cinco:

Por placebo entendo tarja preta

e por tarja preta

entendo e não entendo.

É letra de médico à caneta.

Linha seis:

Trazido à tona

por vias não usuais

Foi embora à fórceps,

sem nem um aceno, sem mais.

Linha sete:

Temendo por sua sanidade

nasceu logo torto

a fim de que o esquecessem

logo de cara e o dessem por morto.

Linha oito:

De quem eu falo

afinal de contas?

Dele sabe-se pouco,

dela, menos ainda conta-se.

Linha nove:

Desabalada corrida

entre iluminados.

Mas eles correm?

São meninos mimados.

Linha dez:

Não são nada disso.

São apenas eleitos.

Vivem e não se importam.

Pois então, com tantos defeitos.

Linha onze:

Quando desponta o sol

danam-se a acordar

que acordar é uma danação.

E quem dirá levantar?

Linha doze:

Todos rejubilam-se

a vida recomeça.

Nesse pedacinho de terra

e a felicidade atravessa...

Linha treze:

De linhas chamei

esses versos.

De linhas que se entrecruzam

são os diários terços.

Linha catorze:

Não são mais do que linhas,

talvez sejam menos.

Mas não mais.

Espero que sejam plenos...

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Enviado por Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) em 14/07/2014
Código do texto: T4881611
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