Mairiporã

Espremida entre as serranias,

debruçada sobre os regatos gelados

A cidade se espreguiça verdejante

A floresta abraçando as casas,

fazendo sorrir os passarinhos

O sol acompanhando o vale fundo,

por onde serpenteia o Juquery

O vento cortando os morros,

onde as folhas dançam a valsa das brisas

Ao fundo o guardião das matas da Cantareira observa calado

O mirante soberano de onde vertem os olhos d'água

Acima das sombras e do véu esbranquiçado das manhãs

Aos seus pés a vida segue preguiçosa pelas ruelas e terrões

Onde as pessoas conversam a toa na soleira

E o cheiro do café é compartilhado entre os vizinhos

Mairiporã surpreende nos detalhes

Pequenos momentos se tornam grandes méritos

Onde a beleza se esconde e resiste acanhada no cotidiano

Entre araucárias, fiações e janelas descascadas

A moldura muda,

mas a paisagem permanece, resiste, luta por espaço

Um lugar onde o raro se torna comum

Onde basta um olhar para se abrir um sorriso

Onde a vida é apenas a vida

E viver é apenas bonito