Insone Poesia
Preso em um labirinto autofágico
Das redundantes letras do meu vocábulo sombrio
Minhas musas desbotam às paredes deste edifício,
Levando junto meu vigor, viço e brio.
Mas, que fazer se só ergui o castelo com cartas de espadas?
Se "adágios" e "honrarias" não são mais expressões faladas?
Tentei modernizar, é fato, mesclando máquina e ultrapoesia
Mas, minha linguagem só constrói ciborgues com afasia,
Moribundos manequins de lata com corações em hemorragia.
Vejo-me xamã do silício a unir, aflito, integrais com alta magia.
E, quando em vez, a luz da lua me irradia,
Eis que minha ultrainquisitória neurastenia
Junta cacos de memória em busca de uma via,
Um sentido, um surto, uma fantasia.
Coisa alguma que aplaque a fobia
De persistir em rota engenharia,
Pedinte de resposta qualquer,
A tentar calar a insônia de todo dia.
Assim, há 30 anos.