VENDEDOR DE FLORES
(Sócrates Di Lima)
Dormem os pensamentos,
No leito dos desejos que fecundo,
Nas noites em alentos,
O sono do tempo é profundo.
Corre os rios adormecidos,
Nas noites ao relento,
Que os campos orvalhados amanhecidos,
Perfumam cada sentimento.
E colhem as flores matinais,
Pelas mãos do lavrador de flores,
E aqueles que as vendem nos sinais,
Nas ruas daqueles, com seus amores...
Em algum lugar, nos bares da vida...
Rosas vermelhas e cheirosas,
Os vendedores na lida,
Vendem sonhos para almas inquietosas.
E no reverso, lá fora,
Nas noites frias dos sonhadores,
Estrelas e luas vem e vão embora,
Fazendo da noite um barco dos amores.
E ali dentro, aos olhos alheios,
Ao redor das mesas dos bares,
Promessas de amores refletidos em olhos como espelhos,
fazem a hora do amor, em seus pares.
Ai, vem o vendedor de flores,
Rodando as mesas e seus namorados,
Oferecem belas rosas aos tantos amores,
Que nas madrugadas se unem como se casados.
E nem parece que isto seja verdade,
Que tudo faz sentido, sem temores,
Que as vezes, um amor e uma saudades,
Começa nas mãos de um vendedor de flores.