A Solidão do Poeta
A Solidão torna o Poeta um artesão das emoções.
Ele Busca na natureza diálogos com o seu coração.
Desnorteado voa em círculos
E percorre longas distâncias (anos), sem sair do lugar.
Lança freneticamente os seus remos na água
Procurando no nevoeiro por uma margem que nunca atingirá.
Vãs desilusões vão tornando o Poeta um ser triste
Descrente das pessoas que vão mudando
De seus hábitos na mesma rotina
De suas genialidades sempre iguais.
As grandes descobertas já foram feitas.
O desconhecido perdeu o encanto.
Antes além-mar, além das estrelas
Hoje somente além de si.
Sempre foi assim.
O Poeta é um ser desconhecido que procura por si.
Ouve gritos
Ouve gemidos d'alma
Liberta o seu silêncio arremessando-os contra os rochedos à beira mar.
Exalta-se a bravura dos que sobrevivem
Poetas já nascem sorrindo, com semblantes tristes
A travessia é a sua própria vida, o barco uma simples esperança.
Contempla os naufrágios com naturalidade
Tudo é passageiro inclusive o que escreve
o que lê, o que fala, o que vê.
A grandeza dos abastados, a miséria dos humildes
Iguais tonalidades num por do sol.
Indiferente à natureza
As dores do homem
As suas desigualdades
Os seus desamores
Ou
Os seus amores.
Os dentes do tempo mastigarão tudo tendo um só sabor
Engolirão as esperanças e a escuridão
Como se tudo fosse parte de um mesmo cardápio.
Sabedorias, almas, espíritos, inteligência
Tudo num mesmo começo
Tudo num mesmo final.