A Solidão do Poeta

A Solidão torna o Poeta um artesão das emoções.

Ele Busca na natureza diálogos com o seu coração.

Desnorteado voa em círculos

E percorre longas distâncias (anos), sem sair do lugar.

Lança freneticamente os seus remos na água

Procurando no nevoeiro por uma margem que nunca atingirá.

Vãs desilusões vão tornando o Poeta um ser triste

Descrente das pessoas que vão mudando

De seus hábitos na mesma rotina

De suas genialidades sempre iguais.

As grandes descobertas já foram feitas.

O desconhecido perdeu o encanto.

Antes além-mar, além das estrelas

Hoje somente além de si.

Sempre foi assim.

O Poeta é um ser desconhecido que procura por si.

Ouve gritos

Ouve gemidos d'alma

Liberta o seu silêncio arremessando-os contra os rochedos à beira mar.

Exalta-se a bravura dos que sobrevivem

Poetas já nascem sorrindo, com semblantes tristes

A travessia é a sua própria vida, o barco uma simples esperança.

Contempla os naufrágios com naturalidade

Tudo é passageiro inclusive o que escreve

o que lê, o que fala, o que vê.

A grandeza dos abastados, a miséria dos humildes

Iguais tonalidades num por do sol.

Indiferente à natureza

As dores do homem

As suas desigualdades

Os seus desamores

Ou

Os seus amores.

Os dentes do tempo mastigarão tudo tendo um só sabor

Engolirão as esperanças e a escuridão

Como se tudo fosse parte de um mesmo cardápio.

Sabedorias, almas, espíritos, inteligência

Tudo num mesmo começo

Tudo num mesmo final.

Robertson
Enviado por Robertson em 12/07/2014
Reeditado em 13/07/2014
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