José Firmino

Era primo de Gentileza

Filho de uma mãe Piedade

Era um José Firmino

Uma firmeza de Pessoa

Ao Fernando lia muito

Quando as folhas soltas lhe encontravam

Nos bancos das praças, ou em galhos de árvores

Onde às vezes, como frutos, se penduravam

Ofertava poesias

Em troca de simples pratos de comida

Uma barganha muitas vezes ingrata

Pelo tamanho ou marca da bolacha que recebia

Certa tarde de uma notável satisfação

Sem roncar no estômago a necessidade

De vender barato a sua arte num portão

Uma senhora gentilmente lhe tocou a mão

Pediu-lhe com um sorriso

Que para ela fizesse um de seus escritos

Pois já o havia visto pela redondeza trabalhar

Inda ofereceu pelo serviço pagar

José Firmino feliz e orgulhoso

Sacou seu kit todo jeitoso

Mas avisou a dona que não havia trato

Pois sem fome não podia ser pago

Só fazia se ela o aceitasse apenas de bom grado

A dona topou

E ele, entusiasmado começou

E tinha critério...

Espontânea sim, comum nunca

Sondava nas pessoas o que via de exclusivo e de mistério

E era um dom

Tanto que quase o tomou a dona por adivinha

Nos versos falava de sua beleza

E buscando em seus traços, sotaque e trejeitos

Falou de seu sorriso e até de onde vinha

Surpresa e emocionada

A dona o pediu que levantasse

E confirmou "é isso sim, sou cearense

Dum cantinho de Juazeiro,

Saí pra correr o Brasil inteiro

Nessa vida tenho sina,

Encontrar um paradeiro"

E abraçando José Firmino, como de costume regional

Fez sua apresentação pelo nome inteiro

"Muito prazer

Sou Maria do Socorro,

Prima de Gentileza,

Filha de Piedade!"

E José Firmino, firme

Disse Adeus

E dormiu feliz

Uma noite sem saudade!

&lis*

12/07/14

Elis Maria
Enviado por Elis Maria em 12/07/2014
Código do texto: T4878954
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