I(n)mundo

Caminhando perigosamente pela borda

Pra não ter a pele acertada pelos respingos

Contorno as margens de um mundo sem fim

Sem rim, e para o qual não tenho mais estômago

Do alto vejo um caldeirão de fezes borbulhando

Uma bolha inflada pelos sopros quentes das vaidades

Ameaça explodir (estou em perigo!)

Vejo cabeças de cera saltando da turva mistura

São todas iguais em formato, tamanho e apatia

Persistem até serem novamente afogadas,

Afundadas no peso de mãos de ferro incandescente

Assim, dos poucos gritos que vencem as camadas densas de sujeira

Numa brecha de ar na superfície gasosa de viroses

Ouve-se apenas, em curtas ondas, ideologias submersas

Vejo pedaços de crianças órfãs e desvirginadas

Pela inocência que floculou

Junto a todos os abusos imperdoáveis

Sedimentou

Tão fundo e tão imundo

Quanto esse espaço, imenso e vazio, de terra

Que nos restou.

&lis*

11/07/14

Elis Maria
Enviado por Elis Maria em 11/07/2014
Código do texto: T4877624
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