I(n)mundo
Caminhando perigosamente pela borda
Pra não ter a pele acertada pelos respingos
Contorno as margens de um mundo sem fim
Sem rim, e para o qual não tenho mais estômago
Do alto vejo um caldeirão de fezes borbulhando
Uma bolha inflada pelos sopros quentes das vaidades
Ameaça explodir (estou em perigo!)
Vejo cabeças de cera saltando da turva mistura
São todas iguais em formato, tamanho e apatia
Persistem até serem novamente afogadas,
Afundadas no peso de mãos de ferro incandescente
Assim, dos poucos gritos que vencem as camadas densas de sujeira
Numa brecha de ar na superfície gasosa de viroses
Ouve-se apenas, em curtas ondas, ideologias submersas
Vejo pedaços de crianças órfãs e desvirginadas
Pela inocência que floculou
Junto a todos os abusos imperdoáveis
Sedimentou
Tão fundo e tão imundo
Quanto esse espaço, imenso e vazio, de terra
Que nos restou.
&lis*
11/07/14