largo o meu coração vermelho
no mar, rumo ao claro-escuro
onde se tece a cama dourada do sol
vou, como sempre, em busca de amor
um amor claro e transparente como as águas
um amor despido de riquezas, mas que seja a riqueza
em si mesmo, lançado na senda da pureza
sem lhe importarem as coisas mesquinhas da terra
onde brada tanta dor e injustiça
só aceitarei um amor liberto
assim como eu sou.
que viva de olhar as estrelas de dia
e siga de noite o rumo do sol
e a quem nada importe as vozes da praia
julgando que se afogou
largo o meu coração à tona de água
e fico em ansiosa espera na areia
com os meus pés nus
e as mãos distraídas brincam com corais
apuro o ouvido e escuto
o rugido medonho de Posídeon
que emerge do fundo
empunhando o seu tridente em riste
levanta uma onda tremenda
como se dissesse: como ousas tu
deitar no meu reino impoluto
o teu coração vermelho?!
abrigo-me na duna e não respondo.
que quer ele de mim, que teme
o seu mundo povoado de sereias e tritões
de náufragos e baús de piratas cheios de riquezas
que nada me dizem…só quero amor!