O que aconteceu ao homem de ontem?

O que aconteceu ao homem de ontem?

Que terá acontecido ao garoto sonhador?

Aquele! Aquele mesmo! Que planejara uma infinidade de sonhos

E que ia para a vida como um batalhador

Em todos esses anos, quanta mudança vivenciou

Quantas foram as fases da vida que ele passou

Tantas foram as adversidades que encontrou

E hoje encontra-se prostrado, resignado, perdido

Iludido com o que antes era-lhe o futuro

Agora, o presente não passa de um mundo escuro

O que vê são apenas trevas e isolação

Sentimentos mil da mais nua e crua solidão

Vê no mundo toda a podridão

A corroer a humanidade

Que está doente, clamando por um salvador

Esse garoto de outro dia seria o salvador

Mas agora, não consegue sentir se não a dor

E quer ser deixado, deixado em paz

Num canto confortável, não quer ser incomodado mais

O mundo se acabando e ele sendo deixado para trás

Este é o homem de ontem! O ser que traiu seus ideais!

Não passa de um verme inflexível, incapaz de se renovar

Ser ignorante! Sabe que vive na sociedade, mas não quer se sociabilizar

E se hoje confrontasse o passado?

O eu de ontem ficaria irado com o eu do hoje, que não passa de um bastardo

Apesar de tanto revés, algo bom veio

A poesia, nua e crua, forma bestial de literatura

Eis o que aconteceu ao homem de ontem – morreu entediado e desolado!