PAISAGEM DA AUSÊNCIA
Abro a janela quase à alva das noites,
aragem de azul de metileno,
silêncio que pulsa na avenida
do começo ao fim, como eu.
Do jardim chegam-me as damas-da-noite,
tão marcantes e tão frágeis, vida curta,
aroma que vem e logo vai.
No tecido celeste a estrela da saudade.
Brilha, veste-me, cobre-me de pingos doces.
Entanto, não alcanço a estrela da esperança.
Atrasou-se, talvez?
Uma coruja pia no terreno vizinho.
Alerta-me a não esperar em vão.
Faço-me chuva.
Chovo saudade.
imagem: google