PAISAGEM DA AUSÊNCIA



Abro a janela quase à alva das noites,
aragem de azul de metileno,
silêncio que pulsa na avenida
do começo ao fim, como eu.


Do jardim chegam-me as damas-da-noite,
tão marcantes e tão frágeis, vida curta,
aroma que vem e logo vai.


No tecido celeste a estrela da saudade.
Brilha, veste-me, cobre-me de pingos doces.


Entanto, não alcanço a estrela da esperança.
Atrasou-se, talvez?


Uma coruja pia no terreno vizinho.
Alerta-me a não esperar em vão.

Faço-me chuva.
Chovo saudade.






imagem: google
KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 08/07/2014
Reeditado em 10/07/2014
Código do texto: T4874832
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