Sobre a Madrugada - Parte II

Ó Madrugada, companheira inseparável

Professora iniludível do que é humano

Somente o homem em engano

Não reconhece sua natureza incontrastável

Ó Madrugada, delatora dos amores

Berço da devassidão

Que faz encher o coração

De romantismo... de ardores...

Ó Madrugada, operadora da verdade

Vivente de nós mesmos

Faz desaparecer nossos placebos

Revelando o que é de nossa intimidade

Ó Madrugada, trabalhadora incansável

Laboras sem parar ano a ano

Trazendo ao animal insano

Um pouco daquilo que é humano

Mas também não esquece

De dizer-lhe: não se apresse!

És medida de si próprio

Pois o mundo que tu crias

Feito de ópio

Às profundezas cairá

Eis então a hora de acordar

Sem dormir, em cansaço

És tu Madrugada o nosso despertar

Quando nos mandaram calar, sonhar.

Ó Madrugada, denominada solidão

Àqueles que não percebem sua companhia

Como cão de caça em pradaria

Cego, farejando, perdido na imensidão.

Ó Madrugada momento esplendoroso

Para quem te conhece e lhe aproveita

Trazendo-nos os gozos

Que a vida nos deleita.

Ó Madrugada, dir-te-emos: Obrigado!

E que não nos abandone

Neste mundo desgraçado

Em que a verdade se esconde.

Alex Stanescu
Enviado por Alex Stanescu em 15/05/2007
Código do texto: T487425