NAVE MÃE
Passam séculos, deuses brincam de se esconder
Olham-nos pelas escotilhas da alta sacada
Querem amor, ternura e obediência
Mas nunca nos oferecem uma só escada
Passamos os anos, dóceis, abnegados
Com mil e um motivos para vislumbrar
Entre as nuvens, o céu, o paraíso infindo
Que prometeram um dia, vão nos convidar
Mas, ao meio tempo, numa longa escala
Baixamos os olhos para as coisas vãs,
Pois não há quem agüente preparar a mala
Sem ter a certeza se há uma nave mãe
De vez em quanto chega um mensageiro
Trazendo notícias de um mundo perfeito
Mas de que adianta nos criar rasteiros
Se foi nas estrelas que nós fomos feitos