Do Morango-Caqui
Um pé de morango, de doces beijos vermelhos,
pisa minha boca, com passos de colibri;
e meu desejo ereto, se põe de joelhos
para beijar os pés de quem não está aqui.
Fecho os olhos e vislumbro, em mil espelhos,
toda nudez da voz que, de longe, eu despi
quando as cordas vocais foram aparelhos...
foram milhões de mãos para despi-la, daqui.
Enquanto a distância dá suaves conselhos,
no pé (dos morangos que, ainda, não comi)
brotam, também, os macios beijos de caqui
com a fertilidade que faz nascer coelhos...
com tentações, nascidas de lábios e artelhos...
com pés e bocas, num só fruto de frenesi.
02-07-2014